Sibe2025: Música e conflito social. Paradigmas, abordagens e desafios da etnomusicologia contemporânea
6-9 nov. 2025 Barcelona (España)
Quando o jazz é na rua: territorialidades, associativismos, disputas e dissensos no evento Escadaria do Jazz (Bixiga/SP/Brasil)
Simone Luci Pereira  1, 2@  , Flavia Barroso  3, *@  , Gabriela Gelain  4, *@  
1 : Universidade Paulista [São Paulo]
2 : Universidade do Estado do Rio de Janeiro
3 : Universidade Federal do Rio de Janeiro
4 : Universidade Paulista
* : Autor correspondiente

As práticas musicais em espaços públicos apontam para usos, apropriações e disputas pelo direito à cidade, evidenciando tramas de poder/conflitos/resistências/negociações nas urbes contemporâneas (Cruces, 2016; Pereira, 2021). A pesquisa realizada adota uma perspectiva que conjuga música, territorialidades e comunicação urbana a partir de perspectiva cartográfica (Herschmann etal, 2024) para compreender as dinâmicas musicais-midiáticas no Bixiga (São Paulo/Brasil).

Buscamos cartografar a rede de actantes (Latour, 2012) que conformam atividades musicais de forma independente (em maior/menor intensidade) na região, objetivando rastrear as controvérsias, táticas e ativismos inscritos no cotidiano do território. Focalizamos o evento Escadaria do Jazz, que ocupa uma escada centenária do bairro como palco e espaço para plateia e realizam apresentações gratuitas de jazz/música instrumental, situando-se como vetor cultural no território, responsável pela transformação do “caráter público” do espaço.

A trajetória do evento demonstra a capacidade das atividades musicais em constituir arenas temporárias de visibilidade para reivindicações. As disputas envolvem regramentos em relação ao uso do espaço, críticas aos processos de gentrificação e as descontinuidades nas políticas públicas culturais e de planejamento urbano. Contra isso, observam-se os contratos locais para viabilização de microeventos, a associação entre coletivos culturais, a concretização de vitrines para novos artistas e a mobilização ativista em torno da ocupação dos espaços, entre outras pautas.

Consideramos as vicissitudes das práticas musicais públicas na redefinição dos parâmetros de ocupação do território e a produção de arenas de visibilidade para os dissensos/disputas situados no interior das cidades contemporâneas e suas reverberações nas cenas/circuitos musicais.

Referências

CRUCES, Francisco (ed). (2016). Cosmópolis. Barcelona: Gedisa.

HERSCHMANN, Micael etal (orgs). (2024). Cidades musicais (in)visíveis. Porto Alegre: Sulina. 2Volumes.

LATOUR, Bruno (2012). Reagregando o social: uma introdução à TAR. Salvador: UFBA.

PEREIRA, Simone Luci etal (2021). Músicas e sons que ecoam pelas ruas da cidade: o evento Paulista Aberta. E-Compós. v.24(1), 1-22.



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