Sibe2025: Música e conflito social. Paradigmas, abordagens e desafios da etnomusicologia contemporânea
6-9 nov. 2025 Barcelona (España)
Funk brasileiro como expressão de conflitos sociais e alvo de censura
Paulo Menotti Del Picchia  1@  
1 : Universidade Estadual de Campinas = University of Campinas

O funk brasileiro é um dos gêneros musicais mais populares do Brasil contemporâneo e já vem sendo estudado dentro do âmbito acadêmico há bastante tempo. Sua origem está intimamente ligada à vida social das favelas cariocas nos anos 1980 e 1990. É um gênero identificado com bairros periféricos de baixa renda de grandes metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo. Um amplo conjunto de estudiosos como Hermano Vianna, Adriana Facina (2009, 2010 e 2014), Carlos Palombini (2008, 2009 e 2014), Adriana Lopes (2009) e Samuel Araújo (2006 e 2008) se debruçaram sobre os aspectos sociais, culturais, musicais e políticos do funk. 

O funk é expressão musical da vida nas favelas brasileiras, desse modo trata de temas que são recorrentes para quem vive nesses territórios. O funk proibidão, por exemplo, trata do crime organizado, do tráfico de drogas, da vida dos “bandidos”. As letras são alvo de censura sendo acusadas de apologia ao crime por órgãos estatais e políticos. Os artistas, por outro, lado se defendem afirmando que estão simplesmente cantando o que acontece diariamente em suas vidas, retratando casos de violência policial, trajetórias de colegas assassinados nos conflitos com a polícia e o estado de guerra civil em que vivem.

 Nesta comunicação, pretendo discutir como a etnomusicologia poderia se debruçar sobre o funk, dialogando com as perspectivas de autores como Timothy Rice (2014) e Samuel Araújo (2006 e 2008). Rice, por exemplo, coloca questões relativas à violência, pobreza e desigualdade social como fundamentais para quem lida com contextos de conflito social, como é nosso caso. Araújo teve uma rica experiência com o grupo “Musicultura” em uma favela do Rio de Janeiro. Por fim, vamos discutir como a grande mídia e instituições governamentais atuam como agentes de censura a diversos artistas da cena funk, criminalizando processos criativos e fazeres musicais.



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